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Currículo Inovador

A Unicesumar decidiu fazer um redesenho do seu currículo, nos cursos de graduação presencial. Houve participação de gestores do EAD e de outras áreas, que enriqueceram a discussão. A Tec. de Monterrey deu suporte ao  trabalho.  O redesenho curricular possui os seguintes elementos-chaves:

1- O redesenho foi elaborado com base no perfil dos estudantes e dos egressos e na opinião de professores, pais e empresários, após pesquisas com esses públicos

2- As diretrizes que nortearam o redesenho estão alinhadas com a identidade institucional

3- Os elementos estratégicos que sustentam a trajetória do estudante durante o curso de graduação foram definidos 

4- O novo desenho curricular tem um perfil híbrido, está focado na resolução de problemas reais e no equilíbrio entre teoria e prática. O estudante será estimulado a apreender a aprender

5- Houve consenso em relação aos elementos habilitadores do currículo, que permitem a sua implementação e dão suporte ao seu funcionamento 

6- Há uma concepção de avaliação ampla e o processo de aprendizagem contínua passará a ter relevância nas avaliações

7- A qualidade é um valor e um dos alicerces institucionais, portanto, o currículo irá expressar o compromisso com a qualidade, na percepção da sociedade e nas avaliações do MEC

8- O estudante irá percorrer três etapas: a) descobrir (de forma transversal e interdisciplinar, o mundo do ensino superior e as soft skills); vincular (a um curso de graduação); transformar (através de uma série de atividades estruturadas, ideias em projetos reais).

O redesenho do currículo é realizado de forma planejada, coletiva e reflexiva, orientado pela demanda, focado no perfil do estudante e do egresso e capaz de gerar um processo de diálogo com a sociedade.

Há uma especial atenção com a capacitação dos professores. Se eles não estiverem alinhados com o novo currículo, a mudança terá grande chance de fracassar ou obter resultado parcial. O currículo Unicesumar 2022 será inovador.    

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FORMAR PESSOAS NÃO É A MESMA COISA QUE FAZER PARAFUSOS*

21 de junho de 2021

O ensino superior não é um processo mecânico de formação de pessoas, estruturado em ações repetitivas que exigem pouca reflexão. Recentemente, Paulo Blikstein fez uma relação entre educação e produção de parafusos em um diálogo com gestores do Consórcio Sthem Brasil. Uso essa relação e a reinterpreto no presente artigo. O fato é que o ensino superior não pode se limitar a processos repetitivos em que o estudante não é estimulado a aprender a aprender.

Embora exija conhecimentos, a produção de parafusos é cada vez mais processual, automatizada e repetitiva. Parafusos seguem um padrão de produção, e escolas padronizadas são um perigo para a criatividade e inovação. A educação com impacto na formação dos jovens requer o desenvolvimento de pessoas criativas que aprendem a aprender, pessoas proativas e cidadãs que buscam soluções para problemas sociais.

A educação requer, ainda, flexibilidade, individualização do aprendizado, trilhas de aprendizado, o que não é possível em um processo industrial. Se as IES permanecerem semelhantes à produção industrial do século 20, provavelmente já estão ou entrarão em crise.

Parafusos são objetos estáticos e possuem diferentes formas de uso. É preciso considerar também que há parafusos feitos por robôs que aprendem via Inteligência Artificial. A robótica avançada usa uma inteligência capaz de apreender continuamente.

Há um tom de provocação ao relacionar a educação e a produção de parafusos, porque existe um risco das IES entregarem um diploma que comprova que a pessoa concluiu o ensino superior, mas essa pessoa pode não ser capaz de corresponder às demandas do mercado de trabalho, ou mesmo não ter a competência para desenvolver um negócio próprio.

Se a dinâmica acadêmica de uma IES  é estruturada por um currículo fragmentado em disciplinas, pouco interdisciplinar, conteudista, alicerçado por uma avaliação que cobra repetições e “decorebas” e por um modelo acadêmico que não estimula ações que busquem a resolução de problemas sociais, provavelmente a instituição está priorizando commodities e a “produção de parafusos”. O resultado é um conjunto de egressos com diploma, mas sem emprego ou com uma renda incompatível com a formação na graduação.

É um perigo as IES investirem mais em commodities do que na essência da educação: pessoas, formação integral, concepção do projeto acadêmico, plano sobre o que se vai ensinar e como se vai ensinar.

Quando a pandemia começou, investimos em plataformas, compramos ou aprendemos a utilizar novas tecnologias, adquirimos licenças para o uso do Zoom, do Teams, do Google Meet e atuamos para “apagar o incêndio”, tudo isso em um contexto de mudanças bruscas. Toda a parafernália que passamos a utilizar em 2020 não sustentará, no entanto, o funcionamento adequado da IES. Não se pode investir em tecnologia para resolver um problema de custo operacional. A tecnologia precisa ser uma aliada do professor e do aprendizado dos estudantes.

A IES prospera com pessoas talentosas e inovadoras em seu time. Essas pessoas são capazes de elaborar projetos consistentes e sustentáveis financeiramente. Por outro lado, se uma IES inicia um processo de transformação institucional e o primeiro foco é o resultado financeiro, na minha opinião, ela começou o processo de forma equivocada.

A organização acadêmica de uma IES está mais complexa. Não basta uma plataforma, um currículo, professores titulados, infraestrutura bonita, entre outros commodities. Aliás, na atualidade, os resultados do ENADE e do IGC não representam a garantia de sucesso da IES.

As IES precisam de gestão e pessoas capazes de desenhar o modelo acadêmico de forma sintonizada com as demandas dos estudantes, dos egressos, dos pais, dos empregadores, dos agentes públicos, enfim, da sociedade. Isso exige inteligência institucional, uma “engenharia pedagógica”.

A instituição que continuar oferecendo commodities sem valor agregado, provavelmente corre o risco de consolidar sua imagem como uma instituição convencional e pouco relevante, o que pode gerar perda da relevância.

Há dirigentes de IES que já começaram a se mobilizar e estão investindo em inovação acadêmica de forma adequada. São líderes que sabem que não dá para formar pessoas como se produz parafusos, em um processo industrial, para entrarem em medidas convencionais, padronizadas. Por outro lado, é preciso aproveitar as ferramentas tecnológicas da revolução digital para acompanhar e qualificar o processo de aprendizagem dos estudantes.

*Fábio Reis, diretor de Inovação e Redes do Semesp

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Rumo à transformação

Em setembro de 2020, Unicesumar e Tec. de Monterrey assinaram um acordo de cooperação com três objetivos: a) intensificar institucionalmente o processo de inovação; b) fazer um redesenho curricular nos cursos de graduação presencial; c) viabilizar transferências de tecnologias.

O Vice-Reitor, Wilson Filho,  tem um frase que sintetiza as motivações  do acordo de cooperação com a Tec: “o sucesso dos 30 anos, não garante o sucesso dos próximos 30 anos”.

A Unicesumar tem bons conceitos no MEC, declara que a qualidade é um princípio institucional, tem projetos inovadores, é sustentável e possui uma das maiores taxas de matrícula de EAD do Brasil.  Apesar dos bons resultados, a Reitoria reconhece que é preciso fazer transformações institucionais.

A instituição tem uma identidade sólida  e uma cultura institucional que é conhecida pela comunidade acadêmica. Está aí a beleza do processo: a Reitoria está disposta a fazer transformações na Unicesumar, aos 30 anos de idade, com o objetivo de rumar para um futuro próspero.  As diretrizes da  4o. Revolução Industrial alimentam o processo de mudanças institucionais.    

Apreendi em  um workshop na Universidade  de Londres, com o professor Paul Temple, em 2010, que as IES, de modo geral, podem viver  paradoxos: possuem rituais e tradições, mas ao mesmo tempo, almejam a inovação. Os paradoxos não podem levar a esquizofrenias e confrontos internos. Eles precisam ser resolvidos, para todos os setores da IES caminharem na mesma direção.

Nesse sentido, a Reitoria da Unicesumar não pretende negar seu passado, mas construir um processo de inovação e de redesenho curricular, que não rompa com seus valores institucionais e que corresponda às demandas da sociedade. Há o desejo de ser uma IES do séc. 21.   

A cooperação com a Tec. de Monterrey é valiosa, porque a instituição percorreu o caminho das pedras, refez o projeto acadêmico e, principalmente, tem um histórico de inovação consistente, reconhecido internacionalmente através dos diversos rankings internacionais. Lá, foi instituído em 2019 o modelo Tec. 21. Provavelmente, é o modelo acadêmico mais inovador da América Latina. Foram seis anos de estudos, reflexão, planejamento, testes e avaliações. A elaboração do modelo contou com a participação da comunidade interna e externa. 

A Unicesumar também optou por construir um modelo acadêmico relevante, focado no aprendizado e na experiência do estudante. Desde fevereiro de 2020, há uma equipe trabalhando semanalmente na elaboração do que a universidade chamou incialmente de Projeto XP Futuro e agora é conhecido como Cesu22. A meta é implementar o modelo, no primeiro semestre de 2022, em todos os cursos  de graduação presencial. 

A Unicesumar tem a oportunidade de se tornar uma universidade de referência nacional em inovação.  Observo que outras IES brasileiras caminham no mesmo sentido. Sei que as instituições do Consórcio Sthem Brasil investem em processos de inovação acadêmica, com bons resultados. 

A cooperação da Unicesumar com a Tec de Monterrey é um processo coletivo de aprendizados. O modelo acadêmico terá como base propostas oriundas de diálogos, de estudos, de debates e de pesquisas  com estudantes e com seus pais, com egressos, com professores, com gestores institucionais e com empregadores. O modelo que está em fase de elaboração não irá nascer em um gabinete ou em uma reunião virtual com poucas pessoas. Há um consenso: o sucesso dá empreitada depende da consistência do projeto, da capacitação e do envolvimento das pessoas, da comunicação e dos alinhamentos internos.      

A Reitoria é participativa e tem dado apoio a todas as etapas do processo de cooperação com a Tec. Espero que em breve possamos anunciar para a sociedade, as bases do modelo acadêmico Cesu22. 

A instituição iniciou um caminho rumo a uma transformação institucional que respeita sua identidade e que permitirá o alinhamento com os melhores parâmetros do ensino superior. Por ser um projeto bem estruturado, acredito que é preciso anunciar e escrever sobre  o que há de novo no sistema. Estou como diretor de inovação da Unicesumar, focado na construção do modelo Cesu22.

Termino com um convite: meus caros gestores façam as transformações institucionais que possam conduzir suas IES rumo ao futuro próspero, de forma sólida e em redes. Não deixe de cooperar com quem tem bons propósitos. 

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Uma visão pessimista: o temor de que o mais do mesmo prevaleça.

Lemos artigos  e livros, participamos de webinares e conversamos com diversas pessoas sobre as transformações que a pandemia deveria gerar no comportamento das pessoas e na organização e dinâmica das IES. Criamos expectativas de um mundo melhor.  

Eu sou um otimista e sonhei e sonho com mudanças no ensino superior, acredito no poder da inovação, na vontade das pessoas, em especial dos líderes ousados e corajosos em fazer transformações institucionais, em função das oportunidades trazidas pela pandemia. 

O Semesp, o Consórcio Sthem Brasil, a MetaRed e tantos outros eventos e movimentos têm apontado soluções e trabalhado para uma mudança de mindiset. Pintamos um novo normal com as cores da inovação.

Será que as mudanças que foram projetadas serão consolidas? Às vezes, um cenário pessimista aparece em minha perspectiva e o olhar sobre as mudanças fica mais escuro. A crise econômica, política, ética e da própria democracia deveria despertar o desejo de comportamentos  empáticos, de defesa de ações de solidariedade e de justiça social, da democracia como uma conquista  inegociável, de uma educação  humanizada em contexto que requer solidariedade e respeito em relação à dor da perda da vida e das injustiças.   

Não há ausência de ações em defesa dos temas relacionados acima no ensino superior, mas, talvez, seja preciso avançar e organizar ações de maior impacto. Nossas IES estão lutando para superar a crise da evasão, da captação e da baixa disponibilidade de recursos financeiros. Em muitos casos, é um luta pela sobrevivência, mas é preciso termos consciência de que somos instituições de educação, de formação cidadã e que o compromisso social é algo que deveria ser inerente a nossa existência. Temas como empatia, igualdade, equidade, justiça, formação humana, solidariedade, ética e democracia precisam estar presentes em nossa dinâmica acadêmica.   

Nós, das IES, fazemos discursos e afirmamos que somos inovadores, mas precisamos ter projetos inovadores muito bem desenhados, ter propostas de uma educação híbrida consistente, ter ensino baseado em projetos ou desafios bem estruturados e acompanhados pelos professores, ter programas de acompanhamento do desempenho acadêmico e da estabilidade da saúde metal dos professores e dos alunos. 

Temo que inovações sejam feitas sem planejamento, que mudanças sejam organizadas para baixar custo (o que é necessário e legítimo), mas que carecem de solidez acadêmica.  Temo que o desejo de retorno ao presencial seja maior do que o desejo de uma educação híbrida bem estruturada. Temo que as avaliações aplicadas aos estudantes continuem sendo “decoreba ou repetições de livros, artigos ou de slides e falas dos professores. Temo que a formação por competência seja um desejo continuo, mas uma realidade e prática distante. Temo que o diálogo com o setor produtivo continue sendo objeto de palestras, pesquisas e de conversas entre gestores. Temo que continuemos com pouca atenção à capacitação dos professores, bem estruturada. Temo gestores de IES autoritários e centralizadores.  

Temo um retrocesso no home office. Aprendemos que é possível trabalhar de qualquer lugar com qualidade e entrega.  Em 2006, José Joaquin Mira, da Universidade Miguel Hernandez, da Espanha, já falava: Fábio, você já pode trabalhar de qualquer lugar?”.  Estou argumentando em causa própria? Não. Eu desconfiava do home office, no entanto, a produtividade do Semesp, onde trabalho, aumentou em 2020. E eu escrevo sobre assuntos em que acredito. 

Temo o apego a infraestruturas, temo que os discursos sejam bonitos e inovadores, mas as formas das coisas sejam as mesmas. Temo que criamos a possibilidade da mudança, mas solenemente, recuamos, em função de convenções que não queremos superar, de tradições, de resistências à mudança cultural. Não basta pintar a parede de cores rejuvenescentes e ter móveis com design inovadores, é preciso ter uma mente inovadora.

Temo que o MEC não avance em sua agenda de desburocratização, temo que continuemos acreditando que não é possível inovar, porque o MEC não deixa ou porque o avaliador não entende a mudança em direção à inovação. Temo falas assim: a inovação é incompatível com a avaliação do MEC, portanto, vamos fazer pequenos ajustes. Pequenos ajustes são bem-vindos, mas não transformam a IES.    

O estudante já pode aprender a qualquer hora e em qualquer lugar, basta ter acesso à internet. Temo o pouco investimento em tecnologia, em acesso, em Laboratórios virtuais, em Inteligência Artificial, em Realidade Aumentada.

O estudante com acesso remoto à educação  elimina a presencialidade?  Não. Não elimina o contato social, não elimina a presença do estudante no campus para o desenvolvimento de projetos e outras vivências colaborativas, de fortalecimento das inter-relações. A infraestrutura dos campus precisará ser reorganizada. É preciso aceitar que o mundo será híbrido, que as pessoas não irão diariamente  ao escritório, que o aluno não irá todo dia para a IES. Temo resistências ao redesenho do currículo, porque a “grade currícular” nos dá segurança, já que há séculos estão organizadas da mesma forma.

É preciso desapegar e mudar concepções. É preciso ter coragem e conhecimento, é preciso dialogar. O texto que escrevi acima talvez seja resultado de uma noite mal dormida ou de algum pesadelo. Os temores são pessoais, portanto, os meus temores podem não ser os do leitor, mas faço um convite: trabalhemos juntos para mudar a educação. Vamos juntos embarcar para um futuro com paradigmas consistentes de inovação em nossas IES. Em minha bola de cristal, se os temores indicados acima se consolidarem em alguma IES, essa instituição terá mais passado do que futuro. Olhemos o mundo sem as amarras do mais do mesmo.

Fim. 07h57 minutos, do dia 01 de junho.