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Repensar e aprender, sempre!

A Educause (https://www.educause.edu/) publicou recentemente um artigo interessante em seu site: “Hybrid Learning and Space Reimagination: optimizing access and equity to promote student success”, escrito por Jodie Penrod. A primeira abordagem de Penrod é sobre as escolhas, as demandas e o desejo do estudante em ser corresponsável pela sua aprendizagem. Ao longo do texto, ele faz outras reflexões. Para ele, o perfil, as atitudes e o comportamento dos estudantes que chegam ao ensino superior requerem um processo de reimaginação das IES.  O autor nos remete a dois questionamentos logo no início do artigo: Os líderes das universidades entendem o que querem seus estudantes? Eles estão entendendo as necessidades dos estudantes?

Minha hipótese sobre as possíveis respostas para as duas perguntas – de um modo geral, os líderes não entendem o que querem os estudantes e vivenciamos situações de choque de gerações. Talvez o leitor que é líder possa se sentir incomodado com a minha hipótese, o que é bom, pois irá refletir sobre o tema. Quando nos guiamos pela oferta e não pela demanda, erramos. O processo educativo precisa ser dinâmico e é preciso dialogar com as novas gerações de estudantes.

Lembro-me da Reitora Ceres Murad, da UNDB, quando em meados de 2002, em uma palestra, ela defendeu que precisamos ampliar a lupa e reconhecer a diversidade de origem, valores e perspectivas dos estudantes.  Nossos gestores e professores provavelmente e, de modo geral, não estão preparados para responder aos desafios da atualidade.

Penrod escreveu sobre o perigo de retomarmos as mesmas experiências anteriores a 2020, o mesmo estilo do processo de ensino e aprendizagem e o mesmo modelo acadêmico. Ele defende ajustes e reinvenções, quando for o caso. Para ele, as IES precisam repensar a infraestrutura, no sentido amplo, que vai além das estruturas físicas. Para Penrod, uma IES tem de ter pessoas, tecnologia e processos que induzam a IES a assumir um aprendizado digital.

Aprendizado digital não é simplesmente ofertar um curso on-line, presencial ou híbrido. Não é também “uma grade curricular com divisão da carga horária presencial e on-line”. Aprendizado digital representa uma concepção consistente de aprendizado, mediado pelo uso de tecnologias, em que os gestores buscam conhecer como os alunos aprendem. A tecnologia está inserida como instrumentado que instiga e facilita o aprendizado.

Penrod também escreve sobre a infraestrutura física e defende que ela deve ser pensada para proporcionar acesso à internet, à tecnologia, à vivencias socais, ao aprendizado coletivo e à flexibilidade de seu uso. Uma IES não pode ser pensada apenas como um conjunto de salas de aula, auditórios, setores de administração e outros serviços, mas sim como um conjunto de espaços de aprendizagem interativos e integrados, que permitam a socialização e o diálogo.  Uma IES do presente é conectada (muito além da conexão com a internet), aberta, prioriza as alianças e tem cooperação permanente com as organizações públicas e privadas.          

 Quando uma IES tem uma concepção de currículo inadequada, não cuida do preparo dos professores para o uso do digital e para enfrentar os desafios da atualidade, quando desconhece os princípios da transformação digital e não compreende o perfil dos estudantes, provavelmente, a IES vivencia problemas de captação de estudantes e provavelmente não será reconhecida como uma instituição que dá valor ao diploma. 

O ensino híbrido é para Penrod a opção que oferece as melhores experiências de aprendizado, desde que tenha suporte tecnológico, formação de professores e inteligência institucional para a concepção do modelo acadêmico.   

O melhor modelo acadêmico é aquele que está sintonizado com a identidade e com os propósitos da instituição. Entretanto, há elementos que são indispensáveis, como o design do currículo, o engajamento dos gestores, a existência de professores estimulados, capacitados e com competência digital, tecnologia e infraestrutura física adequada.

O meu aprendizado ao ler o texto de Penrod me remete à reafirmação de alguns princípios: uma IES precisa ter pessoas qualificadas, liderança capaz de fazer gestão em um ambiente complexo, investimento em docentes, desenho qualificado do modelo acadêmico, foco na transformação institucional, infraestrutura e, principalmente, compreensão das demandas dos estudantes. Integrar todos esses elementos não é simples, mas é necessário.

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Redes de Cooperação: dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) à Autoavaliação e à Internacionalização.

O Semesp é responsável pelo programa de Redes de Cooperação que hoje conta com 20 Redes e com um total de 137 IES. Provavelmente, muitos gestores, professores e pessoas que atuam no ensino superior não possuem a dimensão do que está sendo construído no conjunto das Redes.

A formação de uma comunidade disposta a colaborar e aprender talvez seja o principal benefício de participar de uma Rede. Quando os gestores que atuam na Rede assumem o compromisso de aprender e colaborar é possível gerar diferentes resultados com impacto real nas IES. 

Há Redes que tratam do tema da gestão e da sustentabilidade financeira, há outras que tratam da qualidade dos cursos de graduação, como do Direito, por exemplo, há uma Rede focada nos programas de mestrado e doutorado, há aquelas que tratam de temas da inovação acadêmica e da identidade institucional e há também aquelas que preferem tratar de temas recorrentes do ensino superior. São as Redes que definem sua vocação, planejamento e agenda, com o suporte do Semesp.  

Há dois tipos de Redes: as institucionais e as temáticas. As institucionais são formadas por IES, representadas pelos seus gestores. As temáticas são organizadas a partir de temas de interesse comum, que surgem conforme a demanda e os interesses das IES e do Semesp. Hoje são seis Redes com este perfil: inovação, autoavaliação, compras, sustentabilidade (ODS/Environmental Social and Governance – ESG), saúde e internacionalização. Vou comentar três Redes temáticas.

Em muitas reuniões das Redes Institucionais, o tema das ODS e do ESG era recorrente. Ficou evidente para nós que era preciso tratar desses temas de forma estratégica. Nasceu a Rede Sustentabilidade: ODS / ESG.  O foco central é a sustentabilidade, entendido como um conceito amplo de meio ambiente e sociedade. A Rede nasceu com 15 IES. Logo foram criados 3 grupos de trabalho e dos grupos nasceram 3 projetos: curso on-line sobre sustentabilidade ambiental para professores, mapeamento das atividades de ODS nas IES, ações nas escolas de ensino básico com foco em empreendedorismo social.  Os 3 projetos estão em fase de elaboração.

Temos uma Rede institucional formada por 6 instituições de capital aberto e ficou evidente que o interesse comum era por temas ligados ao ESG, em função das estratégias corporativas. Com o apoio da Universidade Corporativa do Semesp será organizado um curso on-line para que as instituições dessa Rede apresentem para os interessados, os caminhos para que uma IES inicie um projeto focado no ESG. Há IES que querem agir nessa área, mas nem sempre possuem experiência para iniciar um projeto. 

A Rede temática de autoavaliação possui 39 IES. O projeto de autoavaliação foi elaborado durante 14 meses. O resultado é um instrumento de autoavaliação qualificado, consistente em sua concepção teórica, elaborado com bases na legislação brasileira e em parâmetros internacionais. O instrumento foi consensuado entre as 39 IES e será aplicado em todas as instituições de forma semelhante, a partir de abril. Por que o Semesp e as IES resolveram elaborar esse projeto? Porque queremos retomar os princípios do Sinaes, porque queremos ampliar os indicadores de qualidade, porque queremos tornar a autoavaliação um processo sério, que gere planejamento, ações, investimentos, estratégias e melhorias institucionais. A autoavaliação não será feita necessariamente porque está na lei. Será um processo que irá caracterizar uma convicção, um desejo institucional de valorizar sua identidade institucional.    

A Rede de internacionalização nasceu de um projeto da Realcup, que é uma rede de associações privadas da América Latina e Caribe. O Semesp ocupa a vice-presidência dessa associação, através da professora Lúcia Teixeira. A Realcup criou o projeto Enlazar, com o objetivo de instigar os laços de internacionalização entre os 11 países que hoje compõem a associação. Participam do Enlazar 64 IES brasileiras, vinculadas ao Semesp. Organizamos uma Rede entre as 64 instituições com o objetivo de fomentar a internacionalização, a troca de experiência, o diálogo entre as instituições focadas na internacionalização.

Espero que a leitura deste texto tenha demonstrado que as Redes geram valor para as IES e que os temas abordados estão na agenda virtuosa do ensino superior. A diversidade das Redes sinaliza o respeito pela própria diversidade do sistema de ensino superior. Nem todas as IES possuem os mesmos propósitos e objetivos.

 Recomendo que as IES tenham entre suas prioridades o foco em Redes. Uma IES literalmente isolada terá dificuldade para gerar ideias novas e para aprender com maior rapidez. Nesta perspectiva haverá dificuldades para resolver problemas, que já possuem soluções. O Semesp cumpre seu papel como associação, ao prestar um serviço que fomenta a cooperação.

As IES inseridas nas Redes estão em constante aprendizado institucional e isso gera prosperidade. Há um bom grupo de gestores que já perceberam que podem se beneficiar das Redes, quando estão comprometidos com a Rede em que está inserido.    

Se você, leitor, tem dúvidas ou interesse pelo programa de Redes de Cooperação do Semesp, escreva para redes@semesp.org.br