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Modelo Acadêmico: muito além do que uma grade curricular

Com um grupo de 48 pessoas, visitamos instituições holandesas e belgas, em função da 13ª Missão Internacional do Semesp. As missões trazem um aprendizado: não existe Ctrl C e Ctrl V. Há realidades e culturas diferentes e legislações vigentes, por exemplo. No entanto, é um erro pensarmos que um projeto de sucesso de uma IES estrangeira não serve para “minha IES” e é um acerto pensarmos que podemos aprender com a experiência do outro.

Visitamos instituições com modelos acadêmicos bem desenhados e planejados e que antes de serem implementados foram experimentados. Definir modelos requer conhecimento, pessoas, diálogo institucional e benchamarketing. Não se constrói um modelo acadêmico em 30 dias ou em uma grade curricular desenhada na lousa de uma sala de aula. Aliás, grade nos remete a fragmentação das disciplinas, na pouca interação entre os professores, na ausência da interdisciplinariedde, na organização inadequada dos projetos integradores, em algo que aprisiona a criatividade do estudante.

Conhecemos na NHL Stenden o modelo “Design Based Education”; na Hague University, um modelo que tem como princípio a formação para a cidadania global, para a paz e a justiça e para o aprendizado do estudante; na International Institute of Social Studies, um modelo focado em políticas públicas; na International Business School Maastricht (IBS), o modelo Student with leader; e na Maastricht University, o Problem-based learning.

Pode ser difícil, mas não será impossível, fazer o PBL como Maastricht ou um modelo focado no estudante como líder igual a IBS. A engenharia pedagógica requer investimento, acompanhamento cuidadoso dos estudantes, entre outros fatores. Todavia, os modelos apresentados inspiram, podem ser adaptados, trazem elementos e ações compatíveis com as nossas IES.

Há elementos comuns nos modelos que conhecemos durante a Missão: desenho qualificado do projeto, equipe de gestão comprometida com o projeto, professor como supervisor, alunos como protagonistas, foco e acompanhamento do aprendizado, currículo interdisciplinar e baseado em projetos ou desafios reais, personalização, novas formas de avaliação, foco na soft skills, impacto social e vínculo com o setor produtivo.

Temos de dar uma basta ao currículo como uma grade, como algo estático e fragmentado. Desenhos curriculares sem declaração das diretrizes metodológicas, sem declaração dos princípios pedagógicos e sem vínculos com a sociedade podem ser tornar algo amorfo, sem valor para os estudantes. Quem faz grade curricular cumpre as exigências do MEC, mas provavelmente, não proporciona experiências de aprendizado.

A 13ª Missão trouxe aprendizados. Parece que os holandeses, os belgas e os europeus de um modo geral entenderam que fazer o mais do mesmo não irá conduzir a IES para uma jornada de sucesso.

Entendo que o modelo acadêmico é um dos alicerces de sustentabilidade acadêmica e administrativa de uma IES. Se a instituição quiser ser competitiva ela terá que qualificar seu modelo (qualidade, que não é qualquer coisa, a qualquer custo), caso contrário deixará de ser relevantes no sistema de ensino superior, até ser sufocada pelas dívidas e pela falta de alunos.