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FAESA: uma IES em transformação

Fiz uma visita recente à FAESA, uma IES na cidade de Vitória, no Espírito Santo. Já conheço a instituição e há mais de um ano eu tenho realizado um trabalho de colaboração no processo de reflexão sobre o modelo acadêmico e em outras iniciativas. Não tenho dúvida: a FAESA é uma instituição em transformação, que busca continuamente a melhoria nas áreas acadêmicas e administrativas.

Há mais de 10 anos ouço o reitor da instituição falar no conceito da “aula FAESA”. Em 2011, já existia um esboço da aula. Em 2012, em uma missão internacional para o Canadá, conheci o primeiro desenho conceitual da aula FAESA. Em 2013, lembro-me de uma viagem entre Inglaterra e Irlanda, em que conversei com o reitor sobre o funcionamento e os princípios da aula. A ideia se transformou em um conceito e o conceito em uma prática. As conversas aconteciam durante as viagens, pois era o momento em que a gente se encontrava e falava sobre inovação acadêmica.

O reitor, assim como muitos outros reitores e dirigentes de IES aproveitam as missões internacionais para conhecer, aprender, trocar experiência, cria conexões e dialogar sobre suas vivências, como gestores. As missões são viagens de formação, de ampliação dos olhares e dos horizontes sobre as melhores práticas do ensino superior.

Nos últimos 15 anos, a instituição melhorou consideravelmente seus resultados no Enade e passou a obter conceito 5, nas avaliações in loco. Tanto que se verificarmos o ranking do IGC/MEC, a instituição é o 4º. melhor centro universitário do país. Outros fatores competitivos da instituição são conexão com o mercado e captação de recursos financeiros de empresas e agências de fomento, para a pesquisa e para a extensão. A reitoria está em uma fase de autodesafio, pois há uma percepção de que o sucesso alcançado ao longo dos últimos anos não será perene se não houver melhoria contínua, pessoas qualificadas, gestão e investimentos.             

Provavelmente, uma IES não terá sucesso se não estiver em constante estado de transformação. É um erro de qualquer organização acreditar que as glórias do passado garantem o sucesso no presente e no futuro. Esse erro leva as organizações à falência, em diversos sentidos. Isso não significa que é preciso mudar a todo momento ou romper com o passado e desvalorizar a jornada que proporcionou as conquistas. Significa estar disposta a monitorar o ambiente em que atua e a fazer os ajustes que são necessários, descontinuar ações e projetos que não proporcionam os resultados esperados, buscar melhorias contínuas, investir em pessoas qualificadas, adaptar e dar novas orientações ao que precisa ser atualizado, já que o ambiente do ensino superior é dinâmico.

As IES correm o risco da miopia que induz a cegueira, em pouco tempo, quando consideram que fazem tudo da melhor forma. Acredito que o leitor já ouviu afirmações como essas, no mundo acadêmico: “já faço isso”, “faço isso com sucesso”, “não precisamos de aperfeiçoamento”, entre outras. Há várias IES que são referências em muitos projetos e que fazem as coisas bem-feitas e, mesmo estas, precisam estar abertas ao aprendizado contínuo. O ego acadêmico empobrece o diálogo, gera uma atitude de autossuficiência em um ambiente aberto a várias possibilidades e experiências.

Tenho observado vários gestores de IES que estão se desafiando, que estão induzindo processos de transformações, que reconhecem que é preciso criar conexões e ter modelos acadêmicos e administrativos alinhados com os melhores parâmetros do ensino superior.

A FAESA estabeleceu alguns princípios institucionais de que não abre mão: ter bons resultados na avaliação do MEC, estar conectada com a sociedade e com o mercado, cuidar do sucesso dos estudantes, ser uma IES com gestão qualificada e ter pessoas qualificadas em diferentes áreas e aprimorar seu modelo acadêmico. As conquistas da instituição foram resultados de percepções, experiências, aprendizados, diálogo, sintonia na gestão, pessoas qualificadas que colaboraram com a melhoria dos resultados, tempo de reflexão e respeito à identidade institucional.

 Conciliar aprendizado com a indução de transformações planejadas poderá levar uma IES a dar passos rumo a um futuro próspero. Com base no conceito da aula FAESA, a reitoria está ampliando as diretrizes do modelo acadêmico. Todavia, há uma mudança de percepção, já que uma série de princípios institucionais passou a ser diretriz para todos os projetos e ações acadêmicas. O movimento é sistêmico, então, as diretrizes tendem a reorganizar a dinâmica da aula. Não há rompimento com o conceito original, há, sim, um movimento de novos significados e qualificação.

O objetivo é que a FAESA esteja alinhada com os modelos acadêmicos de referência mundial, como a Tec. de Monterrey e Arizona State University (ASU). A instituição olha, conhece e admira os diferentes modelos acadêmicos das IES do Consórcio Sthem Brasil, todavia, a instituição quer “Faesar” e ser ela mesma. O sonho é que a FAESA tenha diretrizes acadêmicas e administrativas semelhantes a Tec., a ASU ou a outras boas IES brasileiras. Em 2023, a missão internacional organizada pelo Semesp visitou 4 IES holandesas e 3 belgas, cada um com um modelo acadêmico qualificado e sintonizado com os melhores parâmetros do ensino superior. É isso, precisamos de qualidade, diversidade e atualização dos modelos acadêmicos. Cada IES precisa ser a sua melhor versão.

O modelo acadêmico da FAESA está sendo elaborado com diálogo, estudo e benchmarking de IES de referência em modelos acadêmicos e administrativos. Em 2024 será implementado um piloto do modelo, para que possa ser avaliado e melhorado. Pouco a pouco, a instituição irá induzir transformação em todas as áreas. A solidez institucional exige reflexão, pois as mudanças não podem ocorrer de forma precipitada.

Escrevo sobre a FAESA, porque estou envolvido no processo de aprimoramento do modelo acadêmico. Faço o convite para que as IES estejam em estado de transformação, se não correm o risco de perderem relevância pelo marasmo e isoformismo.

Para romper com o marasmo institucional, recomendo que as IES fortaleçam suas conexões. O aprendizado em redes é uma das melhores soluções para gerar movimentos de transformação institucional.             

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Viagens com aprendizado, conexões e networking

Sou grato pelas oportunidades que tenho de aprender, conectar-me, dialogar, conhecer lugares novos, falar o que penso e pelo que faço. Em duas semanas passei por três países (México, Panamá e Argentina) e visitei a PUC de Campinas, fiz reuniões no Semesp e passei apenas um dia em minha casa. Sim, foi intenso, cansativo, fiquei longe da família e sem rotina, fiz pouca atividade física e contei com o apoio e suporte do Semesp, do Consórcio Sthem Brasil e da Trust, que organiza a logística das viagens. Vou escrever sobre as minhas últimas experiências e com o texto registro o que estou fazendo e espero despertar o desejo dos leitores de participarem dos projetos em que estou envolvido, em função do meu trabalho e do que acredito.      

Escrevo sobre os diálogos, aprendizado e as conexões. No México, participei de uma reunião da IESALC/Unesco. A próxima Conferência Regional de Ensino Superior da América Latina e Caribe (CRES) será em Brasília, entre os dias 13 e 15 de março de 2024. A Unesco e o MEC, estão organizando a agenda da CRES, a partir de 12 eixos temáticos que serão abordados no evento em Brasília. Faço parte de um dos grupos de trabalho que trabalha na elaboração das propostas dos 12 eixos. O meu grupo é sobre trabalho e formação docente e pessoal técnico administrativo. As propostas vão compor a agenda do evento. Somos em torno de 50 pessoas, nos diferentes GTs e que representam diferentes países da América Latina e Caribe. Participo em função do Consórcio Sthem Brasil, já que somos uma rede que investe da formação docente e que acredita que o professor tem um papel relevante no processo de aprendizagem e engajamento dos estudantes. Óbvio, que ser um diretor do Semesp contribuiu para a minha escolha. Em função dessa atividade, dialogo com pessoas de governos, da Unesco, com especialistas em ensino superior, com representantes de diferentes associações públicas e privadas. O aprendizado e troca de informações é contínuo, o networking cresce e a minha perspectiva sobre a dinâmica do ensino superior se amplia.

No Panamá participei de uma reunião da Realcup, que é uma rede de associações privadas da América Latina e Caribe. Somos 14 países e com perspectiva de crescimento. Representamos mais de 1000 IES. Realizamos uma Assembleia na cidade do Panamá, com dois objetivos: a) fortalecer os laços de cooperação; b) discutir boas práticas e caminhos para fortalecer processos de transformação digital e inovação acadêmica, nas IES. Participaram do evento 194 dirigentes (com predominância de reitores) de todos os países da rede. A delegação brasileira, organizada pelo Semesp, esteve presente com 21 pessoas. A professora Lúcia Teixeira, nossa presidente, ocupa a vice-presidência da Realcup. Foi uma oportunidade de dialogar com os reitores e criar perspectivas de colaborações, de aprender sobre as boas práticas acadêmicas e de fortalecer o que chamamos de redes das redes da América Latina e Caribe. Não tenho dúvida de que a Realcup irá impactar e contribuir com as IES que estão ligadas às associadas nacionais. Por exemplo, foi criado o projeto Enlazar, com o objetivo de fortalecer os laços de internacionalização entre as IES das associações nacionais. No Brasil, já temos 74 instituições cadastradas na plataforma do Enlazar e 53 com laços de internacionalização. O Semesp representa o Brasil na Realcup.

Ao retornar do Panamá, enfim, tive a alegria de estar em minha casa em Aparecida e da casa fui para o Semesp, para me reunir com o time que coordena o projeto de Redes de Cooperação e com outros setores do Semesp. Do escritório fui para Campinas, na PUC. Nós temos um projeto novo: Missão Nacional. O objetivo é visitar, conhecer e interagir com IES nacionais que tenham boas práticas administrativas e acadêmicas e que estejam dispostas a apresentar suas estratégias e a dialogar de forma aberta e assertiva. Faço uma afirmação: a PUC de Campinas está com projetos relevantes em suas áreas estratégicas. Estiveram na universidade, 36 pessoas, de diversas IES, que ficaram inspirados pelo aprendizado. O prof. Gernamo (Reitor) e os Pró-Reitores acompanharam a missão durante toda a Missão. A proposta de organizar a Missão Nacional nasceu da Rede 14 (UNISO, UNIMAR, U. Veiga Almeida, UNIPAR e Mackenzie). A próxima Missão Nacional será no Rio de Janeiro, na Universidade Veiga Almeida e na Unisum, nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro.

Em Buenos Aires participei do encontro da América Latina e Caribe dos secretários executivos e dos coordenadores de grupos da MetaRed Tecnologia. Estiveram presentes umas 60 pessoas. Há 5 grupos semelhantes, nos 12 países que participam da MetaRed Tic: Maturidade Digital, Tecnologias Educacionais, Cybersegurança, Relacionamento com os Fornecedores e Mulheres na Tecnologia. Durante o encontro, foram estruturados os projetos de cada um dos grupos. Houve sinergia e construção coletiva. Retornei para casa com uma sensação: o projeto MetaRed é relativamente novo, pois nasceu em 2018 (no Brasil, em outubro de 2019) e tem muita perspectiva de crescimento, já que as propostas são relevantes e estão na agenda dos reitores e dirigentes de IES. A MetaRed, que é um projeto subsidiado pela Universia/Santander, irá crescer em sua relevância e impacto. Há em torno de 1400 IES envolvidas com os projetos da MetaRed, nos diferentes países. No Brasil, sou o secretário executivo e a presidente é a professora Lúcia Teixeira. Tenho uma enorme gratidão pelas minhas oportunidades. Sou grato à minha família, pelo apoio e incentivo. Às vezes não consigo dimensionar o meu aprendizado e a relevância desse aprendizado, das conexões e do networking. Em poucos dias estive em lugares diferentes, com pessoas diferentes, todavia, todas com a disposição para o diálogo, com vontade de trocar informações e de propor projetos que melhorem a qualidade do ensino superior. Os propósitos das pessoas são semelhantes: uma educação de mais qualidade, mais relevante, mais comprometida e solidária, mais inclusiva e equitativa. Espero retribuir o meu aprendizado para todos os projetos de que participo direta ou indiretamente. As viagens geram cansaço e desgaste, mas há um saldo positivo. Gratidão!