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Qual será a agenda para o ensino superior?

Momentos de mudança de governo geram especulações sobre quais serão as prioridades para as políticas públicas. A equipe do Ministro Camilo Santana é qualificada. As expectativas são boas e obviamente é preciso respeitar o tempo da transição e o aprendizado para o exercício da função, em um ministério relevante como o MEC. Todavia, as primeiras ações já começaram a serem colocadas em prática, como por exemplo, o aumento do piso do magistério.  

Não há dúvida de que a prioridade do MEC será a educação básica. Entretanto, a dúvida que se coloca é qual será a agenda para o ensino superior? O sistema de ensino superior brasileiro é complexo, pelo seu tamanho e diversidade. A definição sobre as prioridades da agenda é uma prerrogativa dos agentes públicos eleitos e nomeados para exercerem uma função de caráter público. Por outo lado, no plano ideal, a definição da agenda de uma forma dialogada, é bem-vinda. Ideologias, preconceitos e egos, podem gerar conflitos e diminuir a possibilidade de consensos. Espero que os responsáveis pela área do ensino superior do MEC estejam abertos para o diálogo e para escutar e considerar propostas que tragam benefícios para o sistema de ensino superior.

Observando a agenda do Ministro Camilo e do Presidente Lula, podemos constatar que haverá a retomada de investimentos nas IES públicas, o que é necessário. Da mesma forma, o MEC tem-se comprometido a aumentar o valor das bolsas de estudo pagas pela Capes e Cnpq. Não há avanço na ciência sem investimentos em pesquisadores. A retomada do Fies também está na pauta do governo, o que indica a possibilidade de crescimento das matrículas no ensino superior. O MEC está em fase de construção da agenda, portanto, cabe às associações representativas do ensino superior, apresentar suas propostas.

Em um contexto de debate e definição da agenda do ensino superior é preciso reconhecer que há entraves burocráticos, há interesses políticos e financeiros, há divergências e convergências, há interesses legítimos e em prol da melhoria da educação, o que são fatores comuns em função da citada complexidade e diversidade do sistema. Caberá o MEC fazer os discernimentos e valorizar sempre o que é republicano, o que é democrático e o que existe de referência nos melhores sistemas de ensino superior e nos estudos sobre os temas em debate.   

O Brasil não pode continuar errando com suas universidades públicas. Elas precisam de cuidado e investimentos, todavia, mudanças em seus modelos de governança e gestão também serão positivas. No que se refere ao setor privado, é preciso considerar a sua relevância para o Brasil. O sistema de ensino superior cresceu, especialmente, em função do setor privado. Sim, há ajustes que precisam ser realizados, com foco na qualidade. Todavia, qualidade não significa burocracia e amarras sem sentido. Tanto no setor público como no privado é preciso criar mecanismos de supervisão e acompanhamento da qualidade, sem controle e normas avaliativas que inibem a inovação.

O ensino superior no Brasil carece de inclusão, de financiamento, de avaliação focada na autoavaliação e na identidade e vocação institucional, de uma regulação que permita inovação e diferenciação do sistema, de menos controle e mais supervisão e acompanhamento dos processos.

Sim, estou otimista. As pessoas nomeadas para os cargos de direção e tomada de decisão no MEC entendem de políticas públicas para o ensino superior. Estamos na expectativa sobre qual será a agenda de políticas públicas, pois por enquanto, temos sinalizações.  O fato é que não podemos ter um sistema de ensino superior dissociado do mundo que estamos vivendo. Basta do “mais do mesmo”, o país merece superar suas amarras na educação.         

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ConsórcioSTHEMBrasilamplia suas conexões

O Consórcio Sthem Brasil assinou um protocolo de cooperação com a Universidade de Coimbra, para criar estratégias para a inovação pedagógica. Participam no mesmo protocolo, Semesp, Tec. de Monterrrey, Arizona State University (ASU) e mais cinco escolas públicas de ensino básico de Portugal.

O protocolo tem como objetivo fomentar processos de inovação pedagógica na Universidade de Coimbra e nas escolas públicas portuguesas. A coordenação é de Coimbra. O projeto envolverá as instituições que são proponentes do protocolo, o que significa que o Consórcio Sthem terá um papel relevante. Há algumas novidades nesse projeto que precisam ser celebradas. Vou comentar três.

A primeira é que o Consórcio Sthem reúne 66 IES do setor público e privado. A Universidade de Coimbra é a única IES não brasileira. A presença de Coimbra nos honra e é algo que sinaliza uma nova perspectiva: as redes precisam criar diferentes conexões. O Sthem quebrou um paradigma ao reunir IES públicas e privadas. Além disso, com a participação da Universidade de Coimbra, já não somos somente IES brasileiras. Talvez agora estejamos quebrando outro paradigma internacional, que é criar conexões com escolas públicas inovadoras de Portugal. Por outro lado, isso é um alerta e gera preocupações. O Sthem precisa urgentemente criar processos colaborativos com escolas públicas brasileiras.

Outro elemento de celebração é próprio protocolo assinado com Coimbra e para o qual o Consórcio foi convidado. Participar de um projeto internacional, com universidades relevantes, como Tec. de Monterrey e ASU mostra que o Consórcio Sthem ganhou maturidade, gerou impacto nas IES consorciadas, formou professores que hoje estão preparados para atuarem em alto nível, em processos de inovação pedagógica. Nossas parceiras internacionais são relevantes, mas hoje podemos caminhar com as “nossas pernas”, pois passamos por um longo processo de aprendizado.

  Uma terceira celebração é o fato de transcendermos o ensino superior, ao criar conexões com o ensino básico. Aliás, em 2023 teremos um projeto com a PADF/Boeing, que será focado em escolas de ensino médio, em comunidades com poucos recursos financeiros. Ou seja, são dois projetos de âmbito internacional do Consórcio Sthem Brasil com escolas públicas.  O atual Ministro da Educação já declarou que a educação básica será sua prioridade. O Consórcio poderá contribuir para a melhoria da educação brasileira, ao mesmo tempo que desenvolve projetos internacionais.

Não tenho dúvida de que o futuro do Consórcio será melhor do que seu passado. Os nossos horizontes estão mais amplos. Temos oito anos de trabalho em rede. Estudamos a ciência do aprendizado, sabemos as trilhas para engajarmos os professores em processos de capacitação, conhecemos os parâmetros de inovação acadêmica, temos gestores nas IES consorciadas comprometidos com a inovação e aprendemos que juntos seremos melhores do que se atuarmos sozinhos. Faço um convite para as IES consorciadas: sejamos mais participantes nas iniciativas do Consórcio Sthem Brasil, pois projetos como o da Universidade de Coimbra e o da PADF ampliam os nossos horizontes. Espero que passemos a elaborar projetos de forma sistêmica com diferentes organizações públicas e privadas.