Há IES que não possuem modelos acadêmicos, por isso, provavelmente, convivem com fragmentação das propostas educacionais, com inconsistências na concepção de ensino, com visões distorcidas sobre a própria dinâmica acadêmica, entre outros possíveis problemas.
Modelos são referências e indicam uma concepção teórica e prática de como a IES expressa, organiza e implementa seu projeto de educação, em especial a forma como a instituição define o processo de ensino e aprendizagem.
Através do modelo acadêmico, a IES concebe sua organização curricular, o perfil dos professores e outros elementos habilitadores do modelo, como a tecnologia e a infraestrutura, por exemplo.
Um modelo acadêmico não se explica por uma concepção da dinâmica da aula (assíncrona, síncrona e tecnologia), pelo uso das funcionalidades da plataforma e das metodologias ativas. As fragmentações acadêmicas podem gerar uma perspectiva de diversidade e riqueza de ideias e diálogos, mas também podem gerar ações de pouco efeito no aprendizado, em que o professor atua conforme sua perspectiva, com pouco foco no estudante. É preciso buscar um equilíbrio, “liberdade acadêmica” e as diretrizes que definem o propósito institucional e o modelo acadêmico da IES.
Obviamente, o modelo não pode engessar a IES ou se tornar uma barreira para a diversidade do debate e das experiências pedagógicas. Todavia, ele indica a forma como a instituição conduz o processo de ensino e aprendizagem.
É recomendável que os professores mantenham suas orientações bibliográficas, suas convicções sobre os temas em que são especialistas, todavia, o modelo acadêmico mantém uma orientação sobre os percursos pedagógicos para os professores. São cartas de navegação que direcionam as ações e os planos.
Há modelos acadêmicos exitosos no ensino superior. A Tec. de Monterrey e Arizona State University são exemplos internacionais de IES que dedicaram tempo de planejamento, desenho, orçamento e, especialmente, pessoas preparadas e comprometidas com o processo de elaboração do modelo acadêmico. No Brasil, há IES do Consórcio Sthem Brasil, entre outras, que estão em processo de elaboração ou que já construíram seu modelo acadêmico.
Bons modelos nascem de um conjunto de pessoas que conhecem o ambiente do ensino superior, a academia, o funcionamento da IES e a concepções pedagógicas. O modelo acadêmico é um fator que define o sucesso da IES, pois indica o seu propósito institucional e sua concepção de aprendizagem.
Modelos são referência, não podem engessar. Exigem reflexão, conhecimento, diálogo institucional, capacidade do seu desenho e avaliação e revisão constante. Os melhores modelos estão conectados com as demandas da sociedade, respondem aos desafios das organizações públicas e privadas, estão alicerçados pela tecnologia e tornam-se mais consistentes, quando a IES investe na transformação institucional.
Cabe aos líderes gestores da IES o papel de conduzir o processo de elaboração dos modelos acadêmicos. São eles, os protagonistas das mudanças institucionais. Uma IES é uma instituição de educação, por isso, um projeto acadêmico inovador é o seu principal pilar.
A diversidade dos modelos acadêmicos é bem-vinda, pois é preciso evitar que nossas IES se tornem organizações de educação com produtos e serviços homogêneos, sem valor de diferenciação. A prosperidade acadêmica e administrativa de uma IES está atrelada a sua capacidade de agregar valor ao seu modelo acadêmico e, consequentemente, formar um egresso com senso de responsabilidade social e com capacidade de desenvolver suas atividades profissionais num contexto de avançada economia digital.
