Isso não serve para minha realidade

Já viajei para mais de 20 países, para conhecer diferentes IES. Foram mais de 60 instituições internacionais. Sou grato pelas oportunidades que tive, que tenho e que vou ter em minha vida. Há algumas frases que sempre ouço, quando falo dos aprendizados internacionais ou quando participo de um debate sobre o tema: “isso não serve para minha realidade”, “minha IES não tem os recursos para fazer isso”, “a cultura é diferente”, “o MEC não permite”, entre outras. São frases que não me causam mais espanto.

Sim, há realidades diferentes, há investimentos inviáveis, há culturas diversas, há legislações e normas que podem limitar as mudanças, mas, para mim, é preciso manter a mente aberta. Aprendi que é inviável copiar e colar as experiências internacionais. Há sinergias possíveis, adaptações, releituras, aprendizados e diálogos. A literatura e os diálogos com gestores de diferentes IES pelo mundo indicam que líderes e IES de referência internacional fazem benchmarkting constantemente.

Quando conversei com os responsáveis pelo Academic Ranking of World Universities, o famoso ranking de Shangai, aprendi que sua origem estava na busca de comparações com boas práticas de ensino superior. As universidades chinesas buscavam informações e comparações com diferentes instituições pelo mundo e por isso organizaram o ranking.

As IES, em qualquer país ou região, devem organizar seu projeto institucional, a partir de sua identidade e vocação. Não é porque uma IES faz que a outra deve fazer também, por outro lado, não conhecer diferentes experiências e não dialogar com o mundo significa manter uma visão limitada da dinâmica do ensino superior.

Quando um gestor assume uma postura de autossuficiente, acredito que ele terá uma postura que limitará a possibilidade da IES florescer. Quando um gestor conhece uma boa experiência e não gera debate e visualiza possíveis mudanças, ele comete um erro, por manter o “mais do mesmo”.

Fincar os pés na IES e se manter com uma visão de sua própria realidade, em um mundo global e conectado, apesar das tensões internacionais e da pandemia, é assumir uma postura que limitará a dinâmica do curso ou da IES. O diálogo nacional e internacional amplia nossa compreensão sobre o ensino superior, mostra-nos a diversidade das experiências e as boas práticas do ensino superior, faz-nos compreender e respeitar as diferentes culturas.

Provavelmente, vou continuar ouvindo das pessoas que “isso não serve para minha realidade”, sem uma análise crítica, sem busca de conhecimento, sem tentar adaptar as realidades. Por outro lado, não vou desistir, vou continuar insistindo para que os gestores, professores, estudantes e todos os que estão envolvidos com o ensino superior conheçam outras realidades. É preciso ampliar a nossa perspectiva de mundo, se queremos tornar a nossa IES inovadora, flexível, acessível e aberta para as conexões. O mundo do ensino superior é maior que a nossa IES.

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