Ensino Superior, para quem o desejar

No Brasil, apenas 17,8% dos jovens entre 18 e 23 anos estão matriculados no ensino superior. Na Argentina, 21,3%, no Chile, 34,1%, no México, 40,1% e nos Estados Unidos, 42,1%. Somos um país com baixa taxa de acesso ao ensino superior, quando nos comparamos com vários países da América Latina, em percentuais de matrículas. Não podemos considerar o nosso resultado como algo sem relevância.

Em 2009, o relatório final da Conferência Mundial da Unesco afirmou que, com “acesso crescente, o ensino superior deve buscar as metas da igualdade, relevância e qualidade”. A percepção geral era de que através do acesso, a sociedade poderia ser mais justa. Os esforços deveriam focar em políticas de equidade.

Qualquer política pública que deixe para segundo plano esses conceitos é excludente. Um sistema de ensino superior sem políticas de acesso e financiamento para a população que precisa dos recursos para estudar e que historicamente é elitista e garantidor do status quo.

No website do Banco Mundial nos deparamos com a seguinte afirmação: “a educação superior oferece oportunidades únicas para o desenvolvimento individual e igualdade de oportunidades, além de promover a prosperidade compartilhada. Um sistema de ensino superior bem administrado, estrategicamente orientado, diversificado e articulado é vital para produzir o calibre e a diversidade de graduados necessários tanto para a economia que existe hoje quanto para a economia à qual uma nação aspira”. https://www.worldbank.org/en/topic/tertiaryeducation#1

A análise continua, ao apontar os elementos negativos da falta de priorização de ensino superior. Os malefícios são “fuga de cérebros e perda de talentos, acesso limitado à capacidade de pesquisa aplicada para a resolução de problemas locais, limitação ao crescimento econômico devido a baixos níveis de habilidades na força de trabalho, ensino e aprendizagem de baixa qualidade em todos os níveis de educação e, talvez o mais evidente, expandida desigualdade de riqueza entre as nações, com aquelas que investem proporcionalmente mais, experimentando taxas de crescimento resultantes superando em muito aquelas com níveis mais baixos de investimento e desenvolvimento estratégico

Países com ensino superior para poucos, expandem a desigualdade e tendem a não prosperar, pois deixam de formar talentos e de qualificar a formação de pessoas com competências para atuarem em uma sociedade digital, em que o conhecimento, a informação e a capacidade analítica são alguns dos elementos essenciais para aqueles que desempenham diversas funções, no setor produtivo da economia.   

Pessoas com ensino superior aumentam sua chance de empregabilidade e de ganharem salários mais altos.  O jornal Folha de São Paulo publicou a reportagem “Graduados no Brasil têm a maior vantagem salarial, mostra estudo da OCDE”, em setembro de 2020. Quem tem ensino superior ganha 144% acima dos que possuem apenas o ensino médio. Foram avaliados 44 países.

A pesquisa publicada em dezembro de 2020, pelo Semesp e pela Simplicity, também demonstrou as vantagens de se obter um diploma. O aumento da renda é de 182%, segundo a pesquisa.  

Se um país não tem emprego para seus graduados é porque provavelmente ele não tem políticas públicas adequadas ou porque fez e faz escolhas equivocadas. Se há engenheiros desempregados ou que desempenham funções que não são a da sua formação, pode ser por opção ou por falta de oportunidade. Há engenheiros civis desempregados, porque o Brasil, há anos, vive uma crise no setor. Estamos com uma taxa de 14.8 milhões de pessoas desempregadas.

O Brasil, como qualquer outro país, precisa de cidadãos que desempenham diferentes funções, em uma sociedade que requer  conhecimento e qualificação. Não há uma sobreposição entre investir em ensino superior ou ensino técnico. Em uma democracia, que gera emprego e que inclui, todos devem ter o direito de escolher o seu percurso formativo. O ensino superior deve ser para todos que o desejarem.      

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